quinta-feira, 23 de abril de 2015

Diário de bordo da Rádio Escola no Ar - parte II


Olá, pessoal! A Rádio Escola no Ar traz esta semana mais um relato do nosso projeto na EMF Prezideu Amorim, na comunidade do Bonfim - Vitória/ ES. Temos, até dezembro, o desafio de colocar essa escola nas ondas do rádio, mas ainda há alguns leões pra matar.

Nosso público, 27 crianças e adolescentes, está dividido em duas turmas. A primeira é o 5º ano, com 22 crianças, e a segunda com cerca de 5 adolescentes entre 12 e 14 anos. Finalizamos a aula passada distribuindo a cada alunx um roteiro pré-moldado, no qual preencheram lacunas com as informações pertinentes ao texto radiofônico, tais como: um saudação, nome do programa, nome dx apresentador(a), música tocada, etc . Os objetivos desse exercício foram:

a) Apresentar o gênero textual roteiro radiofônico;
b) perceber o roteiro como uma narrativa do início ao fim;
c) diferenciar a língua falada da língua falada no rádio.
d) destacar a importância de informar aos ouvintes o nome da música, do interprete e do compositor.

Nesse último item, quase todos tiveram dificuldade porque desconheciam o que é um compositor, então explicamos a diferença entre ele e o intérprete. Essa atividade foi interessante, pois nos permitiu também mapear o repertório cultural das duas turmas; eis alguns nomes/títulos que apareceram no exercício: Cidade de Deus, Bob Marley, A escrava Isaura, Lucas Lucco, Banda Malta, Jean du PCB, Romeu e Julieta, The Beatles, Saci Pererê, Tim Maia, O rei do Baião (filme), Alice no país das maravilhas, Legião Urbana, Diário de um Banana, Link Park, O Rei Leão, Pinóquio, Mar de monstros e Vida na terra.

Na folha de exercício, havia também um quadrado em branco onde desenharam um autoretrato . Como já era de se esperar, ainda que negras muitas meninas representaram-se com o cabelo liso. Um sintoma do padrão de beleza branco imposto pela sociedade.
E foi a partir da análise desses dados que propusemos as seguintes ações para a oficina desta semana:

a) Leitura em voz alta dos roteiros, simulando uma apresentação ao vivo, de modo a sensibilizá-lxs sobre a incompreensão das letras e seu consequente prejuízo durante a performance;
b) reescrita do roteiro harmonizando língua falada no rádio e língua escrita;
c) exercício de leitura e interpretação das canções Olhos Coloridos, de Macau, e Ode aos ratos, de Chico Buarque.

Roteiro reescrito, decidimos colocá-lo em prática. Porém, muitos não queriam atuar na frente dos colegas, tinham vergonha de ler, falar em público, essas coisas de adolescente. Aos poucos, foram se soltando e ao final conseguimos fazer, mesmo que timidamente, um esboço do que será nosso programa piloto.

Fechamos a oficina lendo as canções Olhos Coloridos e Ode aos ratos. A ideia de ler a letra sem a música foi uma estratégia para apresentar a força desses textos. E foi curioso porque, sobretudo com as crianças, após escutarem Olhos coloridos não conseguiram mais ler a canção, somente cantá-la. Talvez isso demonstre um pouco o poder da música sobre as palavras...uma hipótese.





Depois de vários desenhos das meninas com cabelos lisos, nós tínhamos que deixar essa sementinha poética plantada na cabeça delas, né? Não houve tempo para prolongar o debate nessa aula, mas na semana que vem vocês saberão dos desdobramentos desses Olhos coloridos.

Já o Chico e sua Ode aos ratos não foi lá bem aceito pelos adolescentes. Queríamos propor um desafio de trava-língua, mas elxs não gostaram da ideia e acredito que isso tenha a ver com a dificuldade de leitura, até porque essa canção não é nada fácil. Escutem só:




Bom, esse foi o relato da experiência com os adolescentes. Ainda esta semana escreverei as impressões sobre as crianças. Será que elas gostaram das canções? Tcham, tcham, tcham...aguardem o próximo post.

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